Todas as áreas e campos do conhecimento humano possuem o mesmo grau de importância: nenhuma pode ser considerada superior ou inferior a outras. As contribuições, embora diferentes, são realizadas por todas e atendem as distintas demandas, necessidades e desejos da sociedade. As associações abaixo assinadas repudiam as afirmações do atual Presidente da República sobre mensagem divulgada no dia 26 de abril 2019 em seu Twitter pessoal, em que afirma: “O Ministro da Educação […] estuda descentralizar investimento em faculdades de filosofia e sociologia (humanas). Alunos já matriculados não serão afetados. O objetivo é focar em áreas que gerem retorno imediato ao contribuinte, como: veterinária, engenharia e medicina”.

Repudiamos e não compactuamos com as intenções do atual Ministro da Educação – que embasa suas políticas, se existem, a partir de um olhar que considera apenas o mercado, o lucro e o retorno imediato de investimentos, confundindo o poder público com o setor privado – sobre o não investimento da educação em áreas fundamentais como a Filosofia, a Sociologia e Humanas em geral. Esta atitude só demonstra o caráter autoritário e o distanciamento das ações do governo dos interesses da sociedade brasileira.

O atual Governo brasileiro com estas ações seguirá na contramão do que determina a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), mais especificamente em relação aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) para as áreas de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas, que visam a:“[…] consolidar princípios e valores universais, como solidariedade global, inclusão, não discriminação, equidade de gênero e responsabilização na implementação da agenda de desenvolvimento pós-2015. Para isso, é importante fortalecer as iniciativas interdisciplinares e orientadas para resultados já existentes, além de desenvolver novas, e, assim, promover a ampliação da participação e da colaboração internacional, com a devida consideração de sua dinâmica em transformação […].

A fase de implementação dos ODS apresenta uma oportunidade para a UNESCO promover a pesquisa e atividades de padronização, assim como para disseminar o conhecimento sobre direitos humanos relacionado às áreas de atuação da organização. Por meio de pesquisa, prevenção e gestão das transformações sociais, a UNESCO reforçará a relação entre conhecimento, política e prática, baseando-se nas competências das Ciências Sociais para promover o pensamento inovador que tem o potencial de transformar as sociedades, nas diferentes facetas dos ODS […]. A alfabetização cultural precisa ser fortalecida em larga escala e devem ser criadas novas oportunidades e novos espaços para o diálogo e a cooperação, com base no desenvolvimento de competências interculturais pautadas em valores compartilhados, entendimento e respeito mútuos, assim como empatia, reconciliação e confiança. A cultura de paz deve ser promovida como um elemento essencial de capacitação para o desenvolvimento sustentável, tendo em mente que valores e práticas de respeito mútuo e tolerância – reforçados pelo diálogo intercultural e inter-religioso, bem como por um compromisso com a não violência e a reconciliação – são essenciais para tornar real a paz todos os dias, para todos os membros da sociedade” (UNESCO, 2017, grifo do autor).

As áreas de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas devem ser respeitadas do mesmo modo que as outras áreas do conhecimento, assim, conclamamos toda a comunidade acadêmico-científica a se mobilizar em defesa das referidas áreas tão importantes para a humanidade.

29 de abril de 2019

Associação Brasileira de Educação em Ciência da Informação (ABECIN)

Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Ciência da Informação (ANCIB)

Fórum de Ensino e Pesquisa em Arquivologia (FEPARQ)

Rede de professores e Pesquisadores em Museologia (REDE)

Conselho Federal de Museologia (Sistema COFEM/COREM’S)